O Brasil é o
sétimo mercado de software do mundo com vendas superiores a US$ 7,7 bilhões
em 2001, rivalizando com países tradicionalmente conhecidos nesse segmento
como a Índia com US$ 8,2 bilhões e a China, US$ 7,9 bilhões. No entanto, as
exportações brasileiras não ultrapassaram US$ 100 milhões em 2001. Já a
Índia exportou nesse segmento US$ 4 bilhões e a China US$ 400 milhões,
segundo pesquisa da Sociedade para Promoção de Excelência do Software
Brasileiro (Softex), que selecionou 57 empresas.
“ A Índia é
referência mundial na área de software e a China, em componentes. Já o
Brasil poderia se destacar como desenvolvedor de tecnologia em Linux,
principal fator que impulsionou o crescimento da Cyclades ”, diz Rodolfo
Gobbi, diretor de operações da Cyclades no Brasil.
Cyclades
De acordo com
Gobbi, a Cyclades foi a primeira empresa no mundo, em 1993, a desenvolver
placa de comunicação de dados baseada em Linux. E começou a conquistar
grandes clientes e crescer cerca de 35% ao ano após ter desenvolvido um
software em Linux para gerenciamento de data centers. embarcado em
equipamentos fabricados pela própria empresa. Com isso, houve uma redução
de 25% a 30% no preço da solução. “Temos hoje clientes como Yahoo , Google
e Deustche Bank , e somos referência mundial dessa tecnologia”, diz
executivo da Cyclades.
Fundada em 1989
por dois engenheiros brasileiros formados na Universidade de Campinas e
Universidade de São Paulo, a Cyclades tem atualmente sua matriz localizada
na Califórnia, no Vale do Silício. O Brasil passou a ser uma das 12 filiais
da empresa, localizadas em países como Japão, Inglaterra, Alemanha, Itália,
França, Espanha, entre outros.
A Cyclades
faturou US$ 25 milhões em 2002. Desse valor, 3/4 referem-se a produtos da
empresa comercializados fora do País e 1/4 da filial brasileira.
Qualidade
Para Dawson de
Oliveira, sócio diretor da brasileira Siscorp , a Índia é grande
exportadora de software porque a maioria das empresas detém nível 5 do
certificado Capability Maturity Model (CMM), essencial para o comércio
internacional. “Para uma empresa começar a obter esse certificado, ela
precisaria investir pelo menos US$ 200 mil, além de ter funcionários
fluentes na língua inglesa. Isso inviabilizaria a produção nacional de
muitas empresas, maioria de menor porte”, diz o executivo Oliveira.
Já Gobbi acredita
que o desenvolvimento de soluções em Linux dispensa a necessidade desse
certificado, por ser uma solução já bem desenvolvida, e conhecida
mundialmente.
No entanto,
segundo a pesquisa, a “indústria brasileira de software alicerça-se
sobretudo na flexibilidade e criatividade das empresas”.
“Detemos o nosso
próprio modelo de qualidade. Ao implantarmos a Fábrica de Software,
crescemos 40%”, diz Oliveira.
Segundo o
executivo, a empresa investiu no ano passado US$ 150 mil para implantar a
Fábrica de Software. “Antes registrávamos prejuízos ao refazer projetos,
por falta de especificação do cliente. Com a fábrica, o cliente é obrigado
a detalhá-lo e pode acompanhar o trabalho pela Internet. Com isso,
conquistamos grandes clientes como Peugeot/Critöen e reduzimos custos”, diz
Oliveira.
A brasileira
Siscorp atua há dez anos no mercado e desenvolve soluções de gestão
principalmente para as seguradoras. Entre elas estão AGF Brasil, Reliance e
Zuriq. A empresa faturou US$ 6 milhões no ano passado e espera obter uma
receita de US$ 8 milhões neste ano.
Microsiga
Segundo a
pesquisa, as empresas brasileiras de software destacam-se nos setores
financeiros, governamental, e-business, gestão empresarial (ERP) para as
pequenas e médias empresas e fábricas de software.
No segmento de
gestão empresarial, a Microsiga é líder no País. Segundo Cláudio Bessa,
diretor de marketing e alianças da empresa, a Microsiga detém 62,7 no segmento
de empresas médias, e 13,9% nas de maior porte. O mercado total de soluções
para gestão empresarial está avaliado em US$ 686, 7 milhões. Desse valor,
11,9% referem-se às médias empresas e 7,9% às grandes.
Há 20 anos no
mercado, a Microsiga está sediada em São Paulo e atua por meio de franquias
nas outras regiões do Brasil e nos países da América Latina.
A empresa tem
hoje 44 franquias no País e 10 na América Latina. A empresa investe por ano
cerca de R$ 15 milhões em pesquisa e desenvolvimento, e faturou R$ 230
milhões no ano passado. Desse valor, o mercado externo representou 7% da
receita e deve chegar a 9% em 2003. O México foi o país de maior destaque
para a Microsiga em 2002 e deverá ser em 2003 o principal alvo de
investimentos.
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