ROUBO DE AUTOMÓVEIS NOS ESTADOS UNIDOS

 

Obs.: O texto a seguir foi traduzido de um artigo publicado pelo ©Insurance Information Institute, Inc. (www.iii.org), sediado nos Estados Unidos e o texto original, que relata a situação atual do roubo de veículos no mercado americano, está disponível no link: www.iii.org/media/hottopics/insurance/test4.

 

Nos Estados Unidos o roubo de automóveis está incluído na cobertura compreensiva de uma apólice de seguro automóvel. A cobertura de roubo aplica-se à perda dos veículos, como também às peças do carro, tais como “airbags”. A cobertura compreensiva cobre também o fogo, vandalismo e danos causados pelo tempo, inclusive inundações e terremotos.

As taxas dos prêmios para os seguros compreensivos são afetadas pelo risco da perda, ou seja, a probabilidade que um carro segurado tem de ser roubado ou danificado, e o valor do veículo no momento do evento. O valor das reclamações de sinistros tem aumentado, sendo reflexo do maior número de veículos novos nas estradas, do valor dos carros que são alvos para o roubo ou são danificados e do custo dos consertos do veículo, que inclui substituir componentes roubados. Nos Estados Unidos, mais de 75.000 “airbags” são roubados a cada ano e o roubo de faróis xenon é um problema crescente.

O número de roubos de veículos nos Estados Unidos diminuiu 1,9% entre 2003 e 2004, sendo a primeira diminuição desde 1999. O valor dos veículos roubados em 2004 foi de US$7,6 bilhões, abaixo dos US$8,6 bilhões em 2003. O valor médio de um carro roubado em 2004 foi de US$6.143, comparado com US$6.797 em 2003.

PRINCIPAIS INFORMAÇÕES

Estatísticas de Roubo 2004: A cada 26 segundos, um veículo é roubado nos Estados Unidos. A probabilidade de um veículo ser roubado foi de 1/190 em 2003 e ainda mais elevada em áreas urbanas.

Em 2004, 1.237.114 veículos foram informados como roubados.

O oeste americano foi a única região com aumento de roubos de veículos entre 2003 e 2004, com mais de 3,2%. Os roubos diminuíram 9,7% no nordeste, 4,4% no meio-oeste e 2,9% no sul.

Em todo o país a taxa de roubo de veículos em 2004 foi de 421,4 por 100.000 habitantes, 2,9% a menos que 433,7 em 2003. A taxa mais elevada foi observada na região oeste: 664,5 que foi 1,7% maior e foi a única região que registrou aumento. No sul a taxa foi de 397,8 (4,2% a menos que 2003); 341,6 no meio-oeste (4,8% a menos) e 262,5 no nordeste (9,9% a menos).

Somente 13,0% dos roubos foram recuperados por apreensões em 2004.

Os roubos armados de carro são mais freqüentes em áreas urbanas. São responsáveis por somente 3,0% de todos os roubos de veículos.

Os dados mais recentes indicam que o prêmio médio do seguro de automóvel nos Estados Unidos elevou-se 11,2% de 1999 a 2003.

DADOS RECENTES

De acordo com o estudo preparado pelo National Insurance Crime Bureau (NICB), liberado em agosto de 2005, 7 das 10 maiores áreas metropolitanas dos Estados Unidos em roubos de veículos em 2004 ficam na Califórnia, como mostrado abaixo:

ROUBOS DE VEÍCULOS MOTORIZADOS
10 MAIORES ÁREAS METROPOLITANAS DOS ESTADOS UNIDOS, 2004


Class.


Área Metropolitana

Veículos roubados


Taxa (1)

1

Modesto, CA

7.024

1.571,38

2

Stockton-Lodi, CA.

8.163

1.448,37

3

Las Vegas, NV.

19.794

1.266,18

4

Phoenix-Mesa, AZ.

40.371

1.241,47

5

Sacramento, CA

18.747

1.151,40

6

Oakland, CA

24.855

1.038,85

7

Visalia-Tulare-Porterville, CA.

3.800

1.032,55

8

San Diego, CA.

27.396

973,62

9

Fresno, CA

8.770

950,66

10

Seattle-Bellevue-Everett, WA

22.807

944,54

(1) classificado pela taxa de roubos de veículos por 100.000 habitantes, baseado no censo de 2000.

Fonte: National Insurance Crime Bureau.

Roubos por Modelo: O NICB informa que o Honda Civic 1995 foi o veículo mais roubado em 2004. Os ladrões de veículos continuam a preferir modelos importados. Na lista dos 10 veículos mais roubados, a maioria tem de 10 a 17 anos de uso e estes carros foram os mais vendidos por muitos anos e algumas de suas peças são permutáveis. Os ladrões os desmontam para negociar seus componentes.

10 VEÍCULOS DE PASSAGEIROS MAIS ROUBADOS, 2004

Class.

Ano, modelo

1

1995 Honda Civic

2

1989 Toyota Camry

3

1991 Honda Accord

4

1994 Dodge Caravan

5

1994 Chevrolet Full Size C/K 1500 Pickup

6

1997 Ford F150

7

2003 Dodge Ram Pickup

8

1990 Acura Integra

9

1988 Toyota Pickup

10

1991 Nissan Sentra

Fonte: National Insurance Crime Bureau.

De acordo com o CCC Information Services, que apura as perdas totais (roubos não recuperados ou destruídos) em mais de 350 seguradoras de ramos elementares na América do Norte, o Saturno SL 1995 foi o veículo mais roubado em 2003. Abaixo está a lista da CCC com os 25 veículos mais roubados em 2003.

Os dados da CCC são diferentes da tabela anterior, porque o NICB prepara sua lista com base nos dados dos relatórios policiais e a CCC usa os avisos de sinistros de veículos segurados.

25 VEÍCULOS DE PASSAGEIROS MAIS ROUBADOS, 2004

Class.

Ano, Modelo

Class.

Ano, Modelo

1

1999 Acura Integra

14

1994 Acura Integra

2

2002 BMW M Roadster

15

1996 Lexus GS

3

1998 Acura Integra

16

2000 Acura Integra

4

1991 GMC V2500

17

1999 Mercedes-Benz CL

5

2002 Audi S4

18

1996 Lexus SC

6

1996 Acura Integra

19

2004 Cadillac Escalade

7

1995 Acura Integra

20

1996 BMW 750

8

2004 Mercury Marauder

21

1998 Land Rover Range

9

1997 Acura Integra

22

1994 Audi Cabriolet

10

1992 Mercedes-Benz 600

23

2001 BMW M Roadster

11

2001 Acura Integra

24

2003 Cadillac Escalade

12

1989 Chevrolet R25

25

2000 Honda Civic

13

1993 Cadillac Fleetwood

 

 

Fonte: CCC Information Services, Inc.

ROUBO DE VEÍCULOS NOS ESTADOS UNIDOS, 1995/2004

Ano

Veículos roubados

Cresc.

1995

1.472.441

-4.3%

1996

1.394.238

-5,3%

1997

1.354.189

-2,9%

1998

1.242.781

-8,2%

1999

1.152.075

-7,3%

2000

1.160.002

0,7%

2001

1.228.391

5,9%

2002

1.246.646

1,5%

2003 (1)

1.261.226

1,2%

2004

1.237.114

-1,9%

(1) Dados ajustados.

Fonte: U.S. Department of Justice, Federal Bureau of Investigation, Uniform Crime Reports.

 

 

HISTÓRICO DAS AÇÕES LEGAIS

Legislação Federal Anti-Roubo: A intervenção federal contra o roubo de carros começou em 1919, transformando em crime federal o transporte interestadual de veículos roubados.

Em 1984, o Congresso americano deu o maior passo na guerra contra o roubo de carros, aprovando a aplicação da lei de furto de veículos motores, destinada a desestimular os ladrões profissionais de carros e lojas “informais”, tornando mais difícil a venda de veículos e peças roubadas para o mercado doméstico ou para fora dos Estados Unidos. A lei endureceu as penalidades, colocando as peças sob alçada federal, impondo multas pesadas e prisão por violação nas exportações. A lei procurou “secar” as fontes do mercado ilegal de peças usadas, obrigando os fabricantes a estampar nas principais peças, o número de identificação, tornando mais fácil rastrear as peças dos veículos roubados para desmanche. 

A ação também obrigou que os veículos fiquem disponíveis para a inspeção antes da exportação e ampliou o poder de inspeção e apreensão dos funcionários alfandegários, em resposta ao crescimento da natureza internacional do roubo de veículos, pois os carros e as peças roubadas nos Estados Unidos são cada vez mais requisitadas nos mercados fora do país.

As seguradoras e seus agentes são obrigados a informar à Secretaria de Transportes o roubo de veículos e os dados da recuperação e da avaliação utilizados para ajustar os prêmios de seguros de automóveis.

Outra lei federal de 1984 procurou impedir que os criminosos profissionais usassem documentos falsificados para colocar veículos roubados no mercado legal, criando uma indústria nacional para falsificar ou forjar certificados de propriedade de veículos.

Em 1985, o DOT obrigou que nas 14 principais peças dos modelos a partir de 1986, fossem inscritos os 17 dígitos de identificação do número do veículo (VIN). Para os veículos importados essa regra não foi muito rígida.

A lei anti-roubo de carros foi decretada em 1992, como um esforço para reduzir em todo o país, o número de roubos de veículos, tornando o roubo armado um crime federal. Em 1994, o roubo armado seguido de morte passou a ser punível com morte.

Outras implicações da lei de 1992 estenderam a obrigatoriedade da identificação do veículo nas 14 principais peças para todos os veículos, inclusive os importados. Por essa lei, as oficinas de reparo que vendem ou instalam peças usadas com a identificação, devem verificar o VIN com a base nacional de dados de carros roubados do FBI, sob risco de multas.  

As disposições complementares possibilitaram o financiamento para conectar os departamentos de veículos de todos os estados para assegurar o acesso aos documentos de propriedade e os estados foram obrigados a checar o VIN de veículos originários de outros estados, antes de emitir um certificado de propriedade para um novo proprietário.

Passou a ser obrigatório que os funcionários alfandegários identifiquem os carros e “containers” que saem do país e foi iniciado de programa piloto de raios-X em “containers” para impedir a exportação de veículos roubados.

As seguradoras foram obrigadas a certificar que os salvados ou veículos recuperados que vendem não são roubados.

Foi criado um programa de concessão de recursos, financiado por impostos ou taxas,  para os estados e comitês locais anti-furto de veículos.

Nas ações de combate contra a fraude nos certificados de propriedade de veículos, o Sistema Nacional de Informações de Certificados de Propriedade de Veículos Motores foi projetado, testado e melhorado, permitindo análises para verificar a veracidade dos certificados, antes de novas emissões. Os dados referentes a sucatas e salvados também são informados no sistema, e a venda de veículos salvados sem o cadastramento desta informação foi impedida.

A lei de melhoria das ações anti-furto de veículos de 1995 atualizou as bases de dados dos departamentos estaduais de veículos que contêm a informação dos certificados de propriedade, para facilitar o seu uso pelos agentes federais e estaduais. A responsabilidade para desenvolver o sistema informático, que permite identificar imediatamente se um veículo foi roubado, foi transferida para o Departamento de Justiça do FBI. Esta ação concede imunidade limitada de responsabilidade civil ao informante.

OUTRAS MEDIDAS DE COMBATE AO ROUBO DE VEÍCULOS

O National Insurance Crime Bureau (NICB) combate o roubo de veículos investigando os casos encaminhados pelas seguradoras e através de sua base de dados “on-line”. As bases de dados permitem às companhias seguradoras membros pesquisarem arquivos por identificação do motorista, pelo número da placa do veículo, pelo VIN e pelo número da peça ou do tipo de veículo. A informação que conduziu à identificação do veículo usado na explosão do World Trade Center em 1993 foi obtida através da base de dados da NICB, que permitia que o usuário informasse um VIN parcial. O VIN completo foi construído e comparado com o de uma caminhonete roubada de uma empresa de aluguel de veículos no dia da explosão.

Nos anos 80, os estados e as regiões que apresentaram roubos de veículos elevados começaram a dar forma aos grupos de anti-furto de carros, financiados por doações voluntárias, fundos estaduais, seguradoras e consumidores, objetivando promover a consciência pública do roubo de veículos e também o “lobby” para a aprovação da legislação estadual dirigida ao combate do roubo.

Em novembro de 2004, 13 estados americanos (Arizona, California, Colorado, Florida, Illinois, Maryland, Michigan, Minnesota, New York, Pennsylvania, Rhode Island, Texas e Virginia) criaram a Automobile Theft Prevention Authorities (ATPAs), financiadas na maior parte por uma pequena sobrecarga nas taxas de licenças de habilitação ou de registro, ou nas apólices de seguros de automóveis vendidas nos estados.

Michigan foi pioneiro no conceito das ATPA em 1986, destinando US$1 para cada apólice de seguro automóvel e canalizando os recursos para combater o roubo de veículos. O programa de Michigan , chamado Help Eliminate Auto Theft (HEAT) inclui um  número telefônico com chamada gratuita para que as pessoas informem os roubos e operações de oficinas clandestinas. Desde o início do programa e até 2004 foram recuperados mais de US$ 40 milhões de bens roubados.

As ATPAs e outros estados criaram grupos de ação para adotar, em grande escala, programas de combate ao roubo de carros, além dos programas de chamada gratuita HEAT. O programa Combat Auto Theft (CAT) envolve proprietários de veículos que voluntariamente, colocam nos pára-brisas etiquetas para que policiais parem o carro para averiguação de roubo após uma determinada hora.

As áreas metropolitanas com elevados índices de roubo instituíram forças tarefa para combater o roubo de veículos. Em Newark, New Jersey, uma força tarefa ajudou a reduzir a taxa de roubo da cidade, que era a mais elevada nos Estados Unidos em 1991, para a décima sexta posição em 1996.

ROUBO DE PEÇAS

Mais de 75.000 “airbags” são roubados cada ano, de acordo com estimativas do Insurance Information Institute. O NICB relata que o roubo de “airbags” custa para as seguradoras e proprietários de veículos mais de US$ 50 milhões por ano. O preço de um “airbag” novo é de aproximadamente US$1.000 numa concessionária, mas no mercado negro o preço está entre US$50 e US$200.

Para frustar os ladrões, estão disponíveis para a venda calotas com uma tranca de aço que a prendem na roda.

Nova York combate o roubo de “airbags” solicitando que nos relatórios de acidentes sejam anotados a distribuição dos “airbags” e estabelece procedimentos para que as oficinas de reparo sigam ao substituir os “airbags” roubados ou acionados.

Os faróis de xenon são um outro componente agora popular entre os ladrões e os GPS podem ser os próximos componentes a serem visados pelos ladrões, dizem os observadores da indústria.

NOVA TECNOLOGIA

O aumento de roubos de veículos nos últimos três anos, após aproximadamente uma década de diminuições, indica a importância de ser mantida a dianteira frente aos ladrões de automóveis cada vez mais preparados.

A marcação das principais peças dos veículos é exigida pelo U.S. Department of Transportation’s National Highway Traffic Safety Administration.

Uma nova tecnologia está sendo introduzida, que envolve espalhar micropontos nas peças, que são impossíveis de ser removidos. Aproximadamente dez mil pontos minúsculos, contendo um código de identificação, são espalhados em cada peça.

A Nissan Motors da América do Norte, com roubos de faróis de xenon em seu Máxima, é o primeiro fabricante nos Estados Unidos a usar o sistema.

A tecnologia de leitura da placa foi usada nas fronteiras dos Estados Unidos com o Canadá e México, para monitorar os veículos que entram e saem do país. O fabricante canadense do dispositivo introduziu uma versão móvel, que lêr aproximadamente 1.000 placas por hora e pode ser instalado nos veículos policiais. Um programa piloto, usando os leitores doados por uma entidade sem fins lucrativos começará a ser utilizado em 2004 nas cinco principais cidades dos Estados Unidos.

Os consumidores gastam centenas de milhões de dólares em dispositivos de segurança dos veículos. Os dispositivos eletrônicos, tais como LoJack, usam um transmissor escondido para permitir que policiais rastreiem o veículo (a LoJack , que opera em 22 estados e no distrito de Columbia, informa que tem uma taxa de recuperação superior a 90%). Os policiais com a ajuda desses dispositivos, além de encontrarem os veículos roubados, também localizam as oficinas clandestinas, especializadas na exportação de veículos roubados. Algumas seguradoras oferecem aos seus segurados o sistema LoJack com redução no preço, associado com desconto no prêmio da apólice.

DESCONTOS DAS SEGURADORAS

De acordo com a National Association of Insurance Commissioners, 14 estados (Florida, Georgia, Illinois, Kentucky, Louisiana, Massachusetts, Minnesota, New Jersey, New Mexico, New York, Pennsylvania, Rhode Island, Texas e Washington) obrigam às seguradoras para concederem aos proprietários de veículos com dispositivos contra roubo descontos nos seguros.

Alguns estados têm regras muito específicas, enquanto outros, como Nova York, as seguradoras são solicitadas a conceder descontos se a exposição à perda for reduzida com a utilização de um dispositivo contra roubo, sem detalhar o nível do desconto e nem o tipo de dispositivo.

Os dispositivos passivos tais como as interrupções da ignição e os sistemas eletrônicos de recuperação que são ativados automaticamente quando o veículo é roubado e não depende do motorista para ativá-lo, podem qualificar um desconto de 30%.

Os residentes em Massachusetts podem obter um desconto de no mínimo 25% se tiverem um dispositivo contra roubo e um sistema de recuperação.

As seguradoras que operam em estados que não obrigam a concessão de descontos incentivam também os proprietários de carro a instalar dispositivos contra roubo oferecendo descontos.

 

Traduzido e adaptado por Flávio Faggion Jr. – Janeiro 2006